II Semana sobre Brincadeiras Perigosas é encerrada com roda de conversa

7 de junho de 2019 - 17:06 # # #

Com o intuito de alertar estudantes, pais e educadores a respeito de práticas prejudiciais disseminadas na internet, sob a forma de jogos, a Secretaria da Educação e o Instituto Dimicuida promoveram a II Semana sobre Brincadeiras Perigosas, realizada entre os dias 3 e 7 deste mês. A programação foi encerrada com uma roda de conversa, na Secretaria da Educação (Seduc), contando com alunos das Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP) Miguel Gurgel e Leonel de Moura Brizola e, também, com a psicóloga Fabiana Vasconcelos, do Conselho de Educação, Ciências e Pesquisa do Instituto Dimicuida.

O estudante João Gabriel de Sousa Lima, de 16 anos, que cursa a 2ª série na EEEP Leonel Brizola, entende que a conscientização é uma importante medida para a melhor utilização dos recursos tecnológicos. “Às vezes, quando os adolescentes ficam em ‘cavernas’, isolados dos pais, acabam reprimindo os seus sentimentos e ficam muito expostos à influência de produtores de conteúdo na internet, ver esse tipo de brincadeira e tentar reproduzir”, acredita.

Mirela de Oliveira, de 15 anos, aluna da 1ª série na EEEP Miguel Gurgel, diz que nesse universo o jovem pode ser tanto “vilão”, como alguém que auxilia os demais. “Por exemplo, muitas pessoas divulgam notícias falsas e, se nós sabemos as fontes verdadeiras, podemos alertá-las. Da mesma forma, os adultos, que têm mais experiência de vida do que nós, podem nos avisar caso percebam que estamos nos arriscando de alguma forma. Ainda não tinha ouvido falar nas brincadeiras, mas achei interessante o que ouvi aqui, porque aprendi e se um dia perceber algum amigo meu fazendo, poderei alertá-lo sobre o perigo”, conclui.

A psicóloga Fabiana Vasconcelos, que trabalha junto com a diretoria do Instituto Dimicuida elaborando programas de prevenção e de diálogo com todos os públicos, lembra que o universo da internet faz parte do cotidiano do jovem, o que demanda orientação por parte da família e da escola. “Eles se mostram muito atentos numa conversa como essa, pois geralmente não encontram oportunidade para discutir sobre esses assuntos. É preciso iniciar esse diálogo”, defende.

Sobre as brincadeiras perigosas, Fabiana lembra que durante uma semana temática, como essa, é possível multiplicar o conhecimento na sociedade. “A ideia é que as pessoas insiram esse assunto na vida delas e tenham o diálogo como uma rotina, assim como a gente fala de várias outras coisas, ainda mais levando em conta o impacto que pode gerar na vida de crianças e adolescentes”, argumenta.

Um grupo de estudantes da EEEP Leonel Brizola trabalha na produção de um podcast (publicação de arquivo de áudio transmitido pela internet), que resultará de uma entrevista a ser feita com a psicóloga Fabiana Vasconcelos. O material ficará disponibilizado na plataforma Castbox.

Seminário e oficina

Entre as atividades realizadas durante a Semana, também se destacaram a oficina sobre Internet e Valores de Vida, na quarta-feira (05), e o Seminário Brincadeiras perigosas: O impacto da vida digital para crianças e adolescentes, na quinta-feira (06).

Durante o Seminário, o fundador do Instituto Dimicuida, Demétrio Jereissati, lembrou que até o fim do ano passado existiam cerca de 150 mil vídeos na internet que induzem à prática de desafios perigosos, que podem gerar acidentes com sequelas e até a morte, disponíveis para qualquer público. “É importante que a gente saiba que o lugar aparentemente mais seguro para os jovens, pode ser o mais perigoso: a própria casa. Propomos modos de prevenção específicos para cada público”, comenta.

A médica Maria Nicó Duarte lembra que “é preciso haver pais, educadores e profissionais de saúde treinados, que saibam fazer uma escuta qualificada e trabalhar com esse novo método de organização social”, intermediado pela comunicação digital.

O deputado estadual Renato Roseno apresentou palestra sobre Direitos da Infância e Adolescência: proteger e responsabilizar. Ele diz que há um hiper-individualismo associado às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). “Somos uma sociedade em que a infância, a adolescência e a juventude encontra muita portas fechadas, e essas fases da vida são gregárias, há uma demanda de reconhecimento, de ser alguém. Temos que pensar processos de responsabilização que promovam novos ambientes. É preciso proteger e responsabilizar. Isso nos obriga a fortalecer a educação digital para proteger as gerações mais jovens”, ressalta.

 

Na quarta-feira, a psicóloga Ruth Machado, do Instituto Dimicuida, ministrou a oficina “Internet e Valores de Vida” para estudantes da EEEP Miguel Gurgel no auditório da Seduc.