Novos instrumentos musicais e acervos bibliográficos fortalecem a relação entre estudantes e escolas

17 de setembro de 2019 - 15:49 # # # # #

Bruno Mota - Texto
Nivea Uchoa - Fotos

Na região do Cariri, 72 unidades de ensino foram contempladas com novos acervos bibliográficos e 15 escolas receberam instrumentos para a formação de bandas de fanfarra.

A vivência artístico-cultural é um dos caminhos para o desenvolvimento cognitivo, a sociabilização e a formação da própria personalidade. Nas escolas da rede pública estadual, o contato com a música e a literatura vem sendo incentivado por meio de investimentos para a aquisição de instrumentos e acervos bibliográficos, no intuito de fortalecer os vínculos entre os estudantes e as unidades de ensino, além de proporcionar uma educação mais integral. A ação é do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc).

O professor Fábio Alcântara, que dá aulas de música e prática em conjunto nas Escolas Wilson Gonçalves e Raimundo Coelho Bezerra de Farias, em Crato, aponta que a experiência entre os alunos ajuda-os a expandir a percepção do mundo. “Para fazer música é preciso que a pessoa seja participativa, estando sempre ligada no que o outro está fazendo. Assim, trabalha o raciocínio e a convivência em grupo. É necessário, ainda, ter disciplina”, explica.

“O Cariri sempre foi tido como celeiro de grandes artistas. Nossos jovens têm muito talento, pegam com muita facilidade. Com a inclusão da música dentro do contexto escolar, trabalhamos o aspecto do universo cultural, aprendendo sobre o baião, a música regional e também a música mundial”, conclui.

Somente na região do Cariri, 72 unidades de ensino foram contempladas com novos acervos bibliográficos, totalizando 3.350 exemplares entregues. Além disso, 15 escolas locais receberam instrumentos para a formação de bandas de fanfarra, atingindo a soma de 840 itens.

Leitura

Carlos Eduardo Morais, de 16 anos, cursa a 1ª série do Ensino Médio na Escola José Matias Sampaio, no município de Brejo Santo. O jovem conta que desenvolveu o gosto pela leitura desde criança, e que a relação com a escola passou a ficar mais estreita com a chegada de novos livros. “Está ampliando a nossa oportunidade de aprendizado. Todo dia pego novos livros e vou continuar pegando, sempre que chegarem mais. Gosto principalmente de romances de aventura e suspense, mas também venho em busca de livros para complementar o conteúdo que os professores passam em sala”, considera.

Colega de Carlos Eduardo, a estudante Íris de Sousa, de 15 anos, lembra que quando era criança não tinha tanto interesse pela leitura, mas que esta concepção mudou na adolescência, com o incentivo recebido da mãe e da escola. “Me faz bem, porque viajo para outra realidade, entro no mundo da imaginação. Toda semana busco novos livros. Com isso, me sinto mais próxima da escola, aprendi a escrever melhor e estou conseguindo melhorar em outras disciplinas”, observa.

A diretora da Escola José Matias Sampaio, professora Márcia Rodrigues, avalia que a chegada do acervo constitui uma das maiores conquistas da história da unidade de ensino, que funciona há 78 anos. “É um dos espaços mais vivos na escola. O acesso ao livro é uma porta de transformação social. Quando o aluno vivencia o mundo da leitura, é possível observar a mudança em termos de novas perspectivas de vida. O acervo que nós recebemos da Seduc agrada e encanta os nossos adolescentes. Antes mesmo de serem tombados pelos funcionários, os alunos já queriam pegá-los emprestados”, revela.

Relação antiga

Brendon Belchior da Silva, de 16 anos, faz a 1ª série na Escola Dona Clotilde Saraiva Coelho, em Juazeiro do Norte. Provindo de uma família de músicos, o estudante pretende formar-se na área. A banda de fanfarra da escola foi vista como uma ocasião favorável para se aperfeiçoar. “A música vem do nosso interior. A relação com o instrumento vai muito além do tocar. É uma coisa que alivia o estresse, que transmite sentimento”, reflete.

“Quando a gente recebe uma oportunidade dessa, com novos instrumentos, gera uma ligação muito forte com a escola, além de melhorar nossa autoestima. Toco percussão e já fiz parte de bandas de fanfarra. Agora quero aprender trompete, porque quanto mais instrumentos aprendemos, melhor para nossa formação”, indica.