Programa Jovens Embaixadores seleciona duas estudantes cearenses para intercâmbio nos EUA em 2020

31 de outubro de 2019 - 16:16 # # # # #

Bruno Mota - Texto

As estudantes Aisha Ellen Lemos Paz e Brenda Juara Carvalho Brandão, respectivamente das Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP) Paulo VI, em Fortaleza, e Manuel Abdias Evangelista, em Nova Russas, ambas da rede pública estadual de ensino, foram selecionadas para participar do Programa Jovens Embaixadores 2020. A iniciativa seleciona alunos de escolas públicas para passarem três semanas nos Estados Unidos, participando de oficinas sobre liderança, projetos de empreendedorismo social e reuniões com representantes do governo americano. O Programa, criado em 2002, é uma ação oficial do Departamento de Estado dos EUA, coordenada no Brasil pela Embaixada daquele país.

A viagem dos Jovens Embaixadores será de 10 a 29 de janeiro de 2020. Durante a expedição, os estudantes passarão pela capital americana, Washington, e viajarão para quatro cidades, onde serão hospedados por famílias voluntárias. São previstas, ainda, visitas a escolas e apresentações sobre o Brasil.

Para concorrer a uma vaga, era necessário saber falar inglês, ter desempenho escolar de excelência e perfil de liderança, além de participar de projetos de empreendedorismo social ou ter tido uma ideia que gerasse impacto coletivo.

Novas perspectivas

Aisha Ellen, que cursa a 2ª série do ensino médio técnico em Enfermagem na EEEP Paulo VI, faz parte do “Movimento Hip Hop Nós por Nós”. O projeto oferece à comunidade do bairro Passaré e adjacências cursos de qualificação para o mercado de trabalho e atividades culturais, possibilitando novas perspectivas de vida à população, colaborando para a redução do abandono escolar e da violência, envolvendo tanto jovens como adultos. A ação tem como ponto de apoio a Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Integrada 2 de Maio, também pertencente à rede pública estadual de ensino, que funciona naquele bairro.

“A gente tinha que ressignificar a questão do pertencimento à favela. Existe um futuro melhor do que se entregar para o crime. Procuramos alimentar nas pessoas a esperança de crescer pelo estudo, descobrindo os talentos de cada um. Temos cursos de informática básica e de línguas, oficinas de redação, de literatura, de cultura afro e de rap, cine debate, entre outras atividades”, esclarece.

Aisha explica que integra o movimento há 3 anos e, assim que começou, passou a ser monitora de poesia. Atualmente, também dá palestras sobre saúde e autocuidado, tendo como base o que aprende na EEEP, prestando ainda serviços de aferição de pressão e glicemia. “À medida que a gente vai avançando, vai se tornando professor. Nós nos formamos para produzir nossos tribunos”, ressalta.

Resultados

Conforme Aisha, já é possível perceber aumento de empregabilidade e de ingressos no ensino superior entre os moradores da comunidade, além de diminuição de casos de gravidez na adolescência. “Temos pessoas muito competentes. A gente está vendo as coisas acontecendo. Aos poucos, estamos mudando o mundo, começando pela nossa comunidade. Cada um pode pode fazer isso na sua própria ‘quebrada’. É a nossa casa e temos que ter orgulho dela”, argumenta.

Sobre a participação nos Jovens Embaixadores, Aisha diz já se sentir gratificada pelas experiências vividas nas etapas anteriores, em que teve oportunidade de conhecer outros estudantes cearenses com histórias de vida semelhantes. “Torcemos uns para os outros, criamos companheirismo. Apesar da competitividade, de nível nacional, concorrendo com 7 mil candidatos, foi muito gratificante ver o apoio mútuo que tivemos. Isso foi um grande incentivo para continuar. Quando recebi a notícia, pensei primeiramente neles. A vitória não era só minha. Era também deles, assim como da minha escola, dos meus amigos e professores, e do movimento que eu faço parte”, conclui.

Soluções

Brenda Juara, aluna da 3ª série do ensino médio técnico em Logística na EEEP Manuel Abdias Evangelista, localizada no município de Nova Russas, identificou que pequenos empresários locais necessitavam de apoio organizacional para dar seguimento às atividades. “Minha cidade tem a economia baseada no comércio. A gente acompanhando, viu muitos estudos do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) indicando que mais de 50% dos comércios fecham porque os donos não sabem administrar bem as suas finanças”, observa.

A estudante conta que, neste cenário, muitos trabalhadores estavam se vendo sem oportunidade de emprego e tendo que migrar para outras localidades. “Foi então que nasceu a ideia do ‘Easy Empreendedorismo’, com o intuito de ajudar os microempreendedores a aumentarem seus comércios, impulsionando a economia e fazendo com que mais pessoas tivessem chances de emprego”, destaca.

A iniciativa, segundo Brenda, consiste em uma plataforma digital que permite ao empresário o preenchimento de dados como faturamento e despesas, gerando gráficos baseados na lucratividade. “Assim, é possível acompanhar de forma mais palpável como está indo o crescimento da empresa. Funciona em qualquer meio e não precisa de internet. Ainda estamos em fase de desenvolvimento e trabalhando em alguns ajustes. Mas, já temos vários potenciais usuários”, aponta.

Perseverança

Em relação à expectativa pela viagem, Brenda se diz ansiosa em poder conhecer a cultura americana, desenvolver o idioma e vivenciar experiências marcantes. “Desde a 1ª série quis participar. Tentei pela primeira vez e só consegui chegar à fase de prova oral. Não passei, mas não desanimei. Procurei melhorar como ser humano, aperfeiçoar o meu inglês e me esforçar ao máximo, para no ano seguinte, tentar novamente. Foi aí que consegui, quando já tinha um projeto estruturado e também um conhecimento mais aprofundado na língua”, lembra.

“A experiência até aqui já foi incrível. O mais gratificante não era passar, mas, ter a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas. Eram 16 alunos selecionados para a fase oral, gente de todo o Ceará, com histórias de vida simples como a minha. Foi muito inspirador conhecer jovens assim, pois nos sentimos mais incentivados a realizar nossos sonhos. A escola sempre me deu todo o apoio possível”, considera.