Estudante aprovada em Direito descobre vocação participando de debates escolares

6 de fevereiro de 2020 - 14:13 # # #

Bruno Mota - Texto

A leitura e a escrita são paixões declaradas de Ingrid Louhanna Santos, natural do município de Aurora, na região do Cariri. Aos 17 anos e recém aprovada no curso de Direito da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, a jovem alimenta o sonho de, um dia, ser juíza. O primeiro passo nesta direção foi dado e ela já se organiza para mudar de cidade e de vida. Ingrid concluiu a educação básica na Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Tabelião José Pinto Quezado, pertencente à rede pública estadual, e realizou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2019. O curso se dará no campus localizado no município de Sousa-PB.

O desafio de morar distante dos pais, assumir novas rotinas e responsabilidades, a princípio, gerou-lhe apreensão. Mas, estando prestes a iniciar a nova etapa, o sentimento transformou-se em anseio e então a jovem revelou não ver a hora de ser universitária. “Primeiramente estava triste por ter que me separar dos meus pais. Sou muito apegada a eles. Mas, quando visitei a cidade, andei pelas ruas, conheci minha futura casa e fui até a Universidade, fiquei ansiosa para começar”, conta.

Ingrid é a primeira da família a conseguir acesso ao Ensino Superior. Embora seus pais não tenham dado sequência aos estudos, sempre incentivaram a filha a seguir adiante, oferecendo o suporte necessário para que obtivesse êxito. “Por eles não terem conseguido, sempre me aconselharam, dizendo que não queriam que eu passasse pelo que eles passaram. Fico extremamente feliz e orgulhosa em mudar essa tradição, ciente de que estou dando retorno por tudo o que meus pais fizeram por mim, em todos esses anos”, admite.

Objetivo

“Quero terminar o Ensino Superior e estudar para concursos, com foco no de juíza. Acho que vai ser cansativo, mas pretendo me dedicar e dar meu máximo, como sempre fiz, para concluir bem. Assim como fiz no Ensino Médio”, projeta a jovem.

A escolha da profissão não veio por acaso. Quando cursava a 1ª série, Ingrid ficou sabendo que alguns alunos da 3ª série organizavam debates semanais na escola, a respeito de temas variados, que estavam em voga na sociedade. “Um dia me interessei em ir. Na primeira vez fui para assistir, mas já quis participar, debater, defender meu ponto de vista. Então, conversei com as realizadoras e passei a participar da banca, defendendo ou acusando o tema proposto”, relembra. Dali por diante, o gosto pela argumentação de ideias só fez aumentar.

Exercício

No ano seguinte, Ingrid matriculou-se na disciplina eletiva de Direito, oferecida no contraturno escolar como parte da jornada ampliada, tendo a oportunidade de conhecer um pouco do universo jurídico. Ali percebeu, verdadeiramente, a vocação para a área. “Foi quando passei a ser mais ativa e comecei a atuar como advogada de defesa. No começo ficava muito nervosa, tremia quando estava falando. Mas preparava minha fala com uma semana de antecedência e quando terminava me sentia realizada”, lembra.

Além da prática discursiva constante na escola, Ingrid recebeu a indicação de séries de TV cujos gêneros faziam alusão à resolução de casos jurídicos. “Assisti e fiquei apaixonada pela área. Vi que era aquilo mesmo que eu queria seguir”, assegura.

A preparação recebida na unidade de ensino foi fator determinante mencionado pela estudante para a conquista da vaga na universidade. “Estudar lá era maravilhoso. Os profissionais sempre lutaram por mim e estavam ali dando o máximo de si. Tive ótimo acompanhamento. O conteúdo era sempre dado em dia e isso foi ideal para que eu tenha conseguido”, analisa.

Resiliência

Apesar da força de vontade e do foco no objetivo, Ingrid recorda de alguns momentos em que esteve insegura da própria capacidade, com medo de não superar os desafios. Foi com a constante projeção mental dos próprios sonhos que a jovem conseguiu recuperar o ânimo naquelas ocasiões. “O que me motivou foi olhar para o futuro. Toda vez em que estava prestes a desistir, me via num tribunal, julgando um caso, sendo o que queria ser. Aí tentava novamente. Todos temos que nos ver no que queremos. Sempre que isso acontece, adquirimos uma motivação extra e não tem nada no mundo que nos tire do objetivo”, finaliza.