Mês da Mulher: Seduc aborda histórias de personagens inspiradoras na educação

2 de março de 2021 - 11:59

Bruno Mota - Texto

O processo de ensino e aprendizagem é marcado, de forma expressiva, pela presença feminina. Não apenas no desenvolvimento das atividades em sala de aula, diretamente, mas também, no desempenho de cargos de gestão, em funções administrativas, na produção da merenda escolar e em outros papéis igualmente essenciais para que a escola consiga cumprir adequadamente a sua missão social. Como forma de homenagear as personagens que tanto contribuem para o fortalecimento da rede pública estadual de ensino cearense, seja na condição de profissionais ou de estudantes, a Secretaria da Educação (Seduc) contará, ao longo do mês de março, a história de mulheres protagonistas nas áreas em que atuam.

Maria do Socorro Lima de Freitas é diretora da Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Professor Aloysio Barros Leal, situada no Conjunto João Paulo II, no bairro Jangurussu, em Fortaleza. Quando assumiu a frente dos trabalhos na unidade de ensino, em 2013, aos 33 anos, Socorro lembra que chegou desacreditada à função, tendo ouvido frases como “é uma mulher, não vai aguentar”, ou “é muito nova”. Ainda por cima, soma-se o fato de a escola ter mais de 1.300 alunos, funcionar nos três turnos e estar localizada em uma área de vulnerabilidade social.

Contudo, o desejo de contribuir de forma mais efetiva para a valorização da educação pública, aliado à noção do próprio potencial, falaram mais alto e, hoje, a educadora faz a diferença no campo em que atua. “Sempre fui determinada, gosto de desafios e de aprendizado. Decidi que ali eu teria muito a aprender e a me doar, como faço até hoje. Sou ex-aluna de escola pública, moradora de comunidade e, ao longo dos anos em sala de aula, na posição de educadora, mãe, mulher, filha e esposa, senti o desejo de ser gestora. Sou apaixonada por educação e por todos os processos que envolvem transformação e mudança de realidade”, ressalta Socorro.

Equilíbrio

Revelando maneiras características de trabalhar, denotando firmeza nas atitudes e decisões, mas também sensibilidade para ouvir, orientar e incentivar, a diretora conquistou a confiança da comunidade escolar. “Optei por ser o mais presente possível, ficar à frente da abertura dos portões, dar bom dia, boa tarde e boa noite a todos os alunos. Acolher, fazer parte, me deixar envolver na vida de cada aluno e de cada servidor, agregar valores e, principalmente, aprender a lidar com as diferenças, acolhendo as necessidades individuais. Estas foram ações assertivas para a efetivação do trabalho”, explica.

Desde o momento em que assumiu o cargo, Socorro diz vir se dedicando no sentido de buscar resgatar a autoestima dos alunos e mostrar-lhes que há caminhos para transformar a própria vida. “O meu exemplo de ter sido também aluna de uma instituição pública me aproximou ainda mais deles. Sempre procurei fazer com que se sentissem parte da escola, desde a melhoria na estrutura física à valorização de cada um, respeitando cada história e cada família. A direção sempre está de portas abertas, atendendo a todos e não engavetando problemas”, observa.

Adaptação

Com o passar dos anos, a diretora alega ter sentido a necessidade de aprimorar os próprios conhecimentos para melhor servir à comunidade. Foi então que tomou a decisão de fazer formação em Psicologia, com o objetivo de melhor compreender os alunos e acompanhá-los de forma mais adequada. Atualmente, Socorro cursa o 5º semestre da graduação.

“Sou seguidora da frase ‘não sou o que me aconteceu, e sim, o que escolho me tornar’. Enquanto gestora, tenho um milhão de compromissos inadiáveis, uma rotina frenética com fluxo de reuniões, escutas, diálogos, ações. Junto com o grupo docente, pensamos em mil estratégias, e erramos diversas, mas cada erro nos fortalece, pois temos a certeza de que não podemos perder ninguém e de que a escola nunca poderá deixar de existir”, considera.

A propósito disso, Socorro aponta dois aspectos que considera fundamentais para o sucesso do projeto educacional nas escolas: comunicação e parcerias. “É preciso saber passar as informações de maneira clara e objetiva e ainda envolver a todos, de maneira que sempre busquem atingir os mesmos resultados em benefício da escola. Ressalto a importância de todos da equipe, pois sem eles, nada seria possível. Hoje, a nossa escola é viva, nossos alunos estão indo para as universidades. A escola respira e inspira mudança, crescimento, progresso e união”, conclui.