Seminário propõe conscientização sobre brincadeiras perigosas disseminadas na internet

5 de junho de 2018 - 10:24 # # # #

A brincadeira e a diversão fazem parte do desenvolvimento de crianças e adolescentes, entretanto, é preciso saber discernir entre atividades lúdicas e jogos que propõem desafios arriscados à saúde. Visando estimular o debate aberto sobre o tema, a Secretaria da Educação (Seduc), em parceria com o Instituto DimiCuida e o Ministério Público do Ceará (MPCE) promovem, nesta terça-feira (05), o Seminário “Brincadeiras perigosas: O impacto da vida digital para crianças e adolescentes”, que faz parte da Semana Estadual de Mobilização e Conscientização sobre as Brincadeiras Perigosas.

O encontro reúne profissionais de diversas áreas, sobretudo da Educação e da Saúde, com o objetivo de debater e alertar sobre os riscos das brincadeiras “ousadas” difundidas na internet. A programação inclui palestras sobre o que são estas práticas, e o papel da família e da escola na educação digital de crianças e adolescentes.

O empresário Demétrio Jereissati, idealizador do Instituto DimiCuida, lembra que em 2014 perdeu um filho de 16 anos, em decorrência do “jogo do desmaio”, que consiste em provocar a asfixia. “Naquela ocasião não se sabia o que era isso. Era um assunto completamente desconhecido, e ainda há urgência em esclarecê-lo melhor para a sociedade. Existem youtubers que estão fazendo carreira, inclusive ganhando dinheiro, às custas da publicação de conteúdo indevido na internet”, observa.

Difusão

Conforme a psicóloga clínica e membro do Instituto DimiCuida Fabiana Vasconcelos, a disseminação de práticas nocivas ocorre, principalmente em plataformas de vídeo, locais em que os jovens se sentem como protagonistas e realizam jogos de desafios tentando superar uns aos outros, chegando ao limite, para ver quem se sobressai.

Para se ter uma ideia, em 2010 havia menos de 500 vídeos relacionados ao jogo do desmaio no portal de compartilhamento YouTube. Em 2016, este número saltou para 16 mil, de acordo com o artigo “Características psicofisiológicas, comportamentais e epidemiologia dos jogos de asfixia”, desenvolvido pela psicóloga e pesquisadora Juliana Guilheri. Em levantamento recente feito pelo Instituto DimiCuida, constatou-se que a quantidade de vídeos sobre o assunto chegou a mais de 26 mil neste ano.

Outros desafios populares, propostos na plataforma, são os desafios “do desodorante” (inalação de grandes quantidades de desodorane aerossol), “da canela em pó” (ingestão de uma colher de sopa de canela), “do super bonder” (grudar os lábios ou as narinas com cola do tipo instantânea), além da ingestão de produtos químicos e até o uso de armas de fogo.

 

 

União

 

A orientadora da Célula de Mediação Social e Cultura de Paz da Seduc, Betânia Gomes, que representa o secretário Rogers Mendes no evento, destaca que a união de forças entre as instituições é de grande importância para o desenvolvimento de iniciativas de prevenção. “Temos que agregar valor às ações que estamos desenvolvendo, procurando quem possa nos auxiliar a pensar em soluções”, salienta.

Betânia defende, ainda, que os educadores pensem na formação dos jovens sob uma perspectiva integral. “Ficamos muito felizes com os resultados que a Educação do Ceará está tendo hoje, que foram obtidos com muita dedicação, mas, não podemos cuidar apenas da parte cognitiva. É preciso dar atenção à parte mental, emocional. A Seduc lançou a Política de Desenvolvimento das Competências Socioemocionais, e a Célula de Mediação é um dos pilares deste trabalho”, acrescenta.

Acompanhamento

Iranir Loyola, ouvidora da Seduc e presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedca), revela que regularmente recebe notícias de adolescentes que estão se machucando em decorrência de práticas perigosas. “É preciso trabalhar o tema nas escolas, conversar com os alunos. Famílias estão ficando dilaceradas por questões como essa. A internet oferece acesso a um mundo muito mais vasto do que a TV, por exemplo, que era o veículo de entretenimento da geração passada, e isso requer um cuidado ainda maior por parte dos adultos”, atenta.

A promotora de Justiça Elizabeth Almeida, do MPCE, argumenta que brincadeiras perigosas sempre ocorreram, embora fossem em menores proporções no passado. “O que não existia, antigamente, eram iniciativas que promovem o debate aberto, como o que estamos fazendo agora, envolvendo várias instituições. Ao conversarmos, conseguimos ter ajuda das pessoas. É muito bonito quando, em cima de uma dor, consegue-se criar uma esperança de melhoria para toda uma coletividade”, considera.

Em 2017, o governador Camilo Santana instituiu, no âmbito do Estado do Ceará, a Semana Estadual de Mobilização e Conscientização sobre as Brincadeiras Perigosas, a ser realizada, anualmente, na primeira semana do mês de junho, sob a LEI N.º 16.341, de 13.09.17.

Sobre o Instituto DimiCuida

O Instituto DimiCuida foi criado após um jovem de 16 anos perder a vida praticando o jogo do desmaio. Visando preservar a vida de outros jovens, a instituição desenvolve pesquisas e estudos, mantendo uma troca permanente de informações com outras entidades do mundo. Já promoveu, em Fortaleza, dois Colóquios Internacionais sobre Brincadeiras Perigosas. Desenvolve uma agenda permanente de trabalhos de prevenção e conscientização para pais, crianças e jovens, além de profissionais das áreas de educação, segurança pública, do direito e de saúde.

05.06.2018
Assessoria de Comunicação da Seduc