Fórum Estadual reúne estudantes para debater atuação dos grêmios na comunidade escolar

7 de junho de 2018 - 10:43 # # #

Bruno Mota - Repórter
Carlos Gorila - Fotos

Apostando na ideia de que a pluralidade, a democracia e a participação ativa dos jovens devem fazer parte do cotidiano escolar, a Secretaria da Educação (Seduc) promove o I Fórum Estadual dos Grêmios Estudantis das Escolas Públicas Estaduais do Ceará, nesta quinta-feira (7), no Centro de Eventos do Ceará. Participam do encontro estudantes gremistas de toda a rede, além de professores, diretores e técnicos da Secretaria. A ação tem o objetivo de fomentar a interação entre os jovens, possibilitando a construção de debates e a tomada de atitudes. A iniciativa conta com a parceria do Instituto Unibanco.

O fórum tem como tema: “Grêmios Estudantis: (Re)Conhecendo espaços de atu(A)ção na comunidade escolar”. Na programação, os participantes têm acesso a mesa-redonda, oficinas, exposição de experiências de sucesso, construção de um plano de ação e atividade cultural.

Rafael Vitor dos Santos, de 16 anos, estuda na Escola Indígena Brolhos da Terra, em Itapipoca, e pertence ao povo Tremembé da Barra do Mundaú. Ele revela que o grêmio escolar do qual faz parte é bastante atuante, não só na escola, mas em toda a comunidade. “Realizamos noites culturais, campeonatos interclasses, tudo para motivar a garotada a ter um bom desenvolvimento na vida. Vim no intuito de levar mais conhecimento aos meus colegas”, explica.

A coordenadora de Desenvolvimento da Escola e da Aprendizagem da Seduc, Conceição Ávila, que esteve representando o secretário Rogers Mendes no evento, avalia que a militância estudantil tem grande importância nas transformações sociais. “A construção de uma sociedade mais justa, solidária, em que todos sejam respeitados e nossas diferenças sejam compreendidas, inicia-se pelo protagonismo jovem. E os gremistas tem uma atuação fundamental na construção de uma escola mais reflexiva e participativa, podendo ser mobilizadores e construtores de uma educação muito melhor”, ressalta.

 

Experiência

 

Ana Clara Aguiar Paiva, de 16 anos, estudante da Escola Maria Neusa Araújo Moura, em Santa Quitéria (distrito de Lisieux), apresentou no Fórum, junto com um grupo de colegas, uma experiência bem-sucedida vivenciada na escola, realizada por iniciativa do grêmio. “Nosso projeto é inspirado em um festival regional de arte e cultura. Decidimos realizá-lo em âmbito escolar, dando oportunidade ao jovem de ter uma experiência cultural, mostrando que esta é também uma forma de crescimento social e ético. Pretendemos fazer o evento anualmente. Com isso, vimos que o grêmio pode, sim, ter voz ativa e realizar um evento por iniciativa própria. Atuamos muito junto à gestão, estamos construindo um bom diálogo”, argumenta a aluna.

Ao todo, 10 trabalhos de experiências exitosas foram apresentados no Fórum. São ações voltadas para diversas áreas, como esporte, lazer, cidadania, cultura e meio ambiente, que foram construídas nas escolas. Os critérios para selecionar os trabalhos que seriam expostos incluiram abrangência, criatividade e impacto social.

Como lembra Josimar Saraiva, coordenadora de Protagonismo Estudantil da Seduc, o Fórum Estadual é a continuidade dos Fóruns Regionais que foram realizados em 2017. “Naquela ocasião, foram discutidas temáticas que estão sendo aprofundadas agora, em forma de oficinas. Destas oficinas, surgirão planos de ação para serem desenvolvidos nas escolas”, explica. Ao todo, foram ofertadas 14 oficinas, divididas em eixos temáticos. Os alunos gremistas escolheram previamente de quais participariam, no momento da inscrição para o evento.

 

Cidadania

Gabriel Medina de Toledo, ex-secretário nacional de Juventudes da Presidência da República e analista sênior do Instituto Unibanco, defende que a escola seja o primeiro espaço de vivência democrática e de formação cidadã. “A Seduc está apostando na construção de um processo de melhoria da educação com os jovens, e não, para os jovens. Estamos chamando-os como protagonistas de um movimento de pensar a escola, suas demandas, expectativas, e como construir projetos de mudanças no cotidiano da educação. É muito importante que as ideias levantadas durante o evento sejam sistematizadas e visibilizadas, para que eles possam se apropriar do que discutiram e levar para as escolas”, conclui.

Lucans Teixeira, aluno da Escola Profissional Rita Aguiar Barbosa, em Itapipoca, é cadeirante e presidente do grêmio estudantil. A experiência à frente da entidade, segundo conta, permitu-lhe grande desenvolvimento pessoal. “Ser presidente do grêmio é uma responsabilidade e um desafio enorme. Com isso, venho aprendendo a desenvolver o meu próprio protagonismo, a me comunicar melhor, e até as minhas notas subiram. Estamos desenvolvendo um projeto de inclusão social na escola, e quero dar ideias nesse sentido para os participantes do Fórum”, expõe.

Mediação

Davi Barros, coordenador das Políticas de Juventude do Gabinete do Governador, considera que os grêmios podem atuar na mediação dos conflitos, e relação com a comunidade. “Esse evento é um espaço que precisa ser valorizado por nós, como uma semente que vai resultar no fortalecimento da organização política dos estudantes cearenses. É a partir da organização dos jovens, no seu meio, que historicamente, no Brasil, a juventude vem conquistando direitos e assegurando a cidadania. Precisamos superar a lógica das relações de poder dentro da escola”, considera.

Avila Jordana, de 15 anos, estudante da EEFM Félix de Azevedo, em Fortaleza, diz que o grêmio em que atua promove projetos de dança, teatro, e esporte, entre outros, no contraturno das aulas. “Ainda pretendemos reabrir a rádio escola e começar a realizar palestras temáticas, inclusive estimulando os alunos a serem os palestrantes. Nos consideramos bastante ativos e andamos sempre juntos com a gestão”, comenta.

O Grêmio é uma entidade autônoma, criada e dirigida pelos alunos de uma mesma escola, e exerce relevante papel na implementação da gestão democrática no espaço escolar, competindo-lhe levar à frente as lutas dos estudantes pela melhoria da qualidade do ensino e zelar pela tomada de decisão coletiva. Sua atuação, entretanto, não deve restringir-se aos muros escolares, mas estar em consonância com as causas mais gerais da sociedade para que possa, de fato, contribuir para a formação de estudantes conscientes, críticos e capazes de lutar pelos direitos individuais e coletivos.

06.06.2018
Assessoria de Comunicação da Seduc