Abertas as inscrições do concurso para professores de Escolas Indígenas

6 de setembro de 2023 - 08:48

A Secretaria da Educação (Seduc) informa que estão abertas as inscrições do concurso para professores com lotação em Escolas Indígenas da rede pública estadual de ensino do Ceará. Todas as informações referentes ao edital do processo seletivo e suas fases encontram-se disponíveis no site da Comissão Executiva do Vestibular da Universidade Estadual do Ceará (CEV/Uece), instituição organizadora do certame.

06.09.2023
Assessoria de Comunicação da Seduc


Concurso do Governo do Ceará seleciona professores indígenas para escolas de 14 etnias

Amélia Gomes – Ascom Casa Civil – Texto
Tiago Stille – Casa Civil – Foto

No total, serão 200 vagas para 39 escolas indígenas do Estado

Reconhecer e valorizar a diversidade da população passa, prioritariamente, por implementar políticas públicas voltadas às necessidades das pessoas. Para atender uma demanda dos povos indígenas do estado, o Governo do Ceará lançou, nesta quinta-feira (20), o primeiro concurso público para povos indígenas. Os aprovados serão professores nas escolas indígenas da rede estadual de ensino. O lançamento aconteceu na Aldeia Gameleira, do Povo Tapuya Kariri, em São Benedito.

Ao todo, são 200 vagas, que contemplarão 14 etnias: Anacé; Gavião; Jenipapo-Kanindé; Kalabaça; Kanindé; Kariri; Pitaguary; Potyguara; Tabajara; Tapeba; Tapuya Kariri; Tubiba Tapuya; Tupinambá e Tremembé.

Acesse o edital do concurso

Eles contam com 39 escolas indígenas do Estado, nos seguintes municípios: Acaraú, Aquiraz, Aratuba, Canindé, Caucaia, Crateús, Itapipoca, Itarema, Maracanaú, Monsenhor Tabosa, Novo Oriente, Pacatuba, Poranga, Quiterianópolis, São Benedito e Tamboril.

A iniciativa acontece por meio da Secretaria da Educação (Seduc), em parceria com a Secretaria dos Povos Indígenas (Sepin). O valor da remuneração para os aprovados será de R$ 6.147,69 para a carga horária de 40 horas semanais, com auxílio alimentação no valor de R$ 15,87 por dia útil trabalhado, conforme cargo inicial dos servidores do magistério na rede Seduc.

Momento histórico

A cultura indígena permanece viva, por meio do repasse de conhecimentos entre gerações. A afirmação vem de Maria do Socorro Rodrigues, do povo Tapuya Kariri, pedagoga na Escola Indígena Francisco Gonçalves de Sousa, que reforça ainda a importância do primeiro concurso para os povos indígenas. “O concurso público específico para professor indígena é uma luta do próprio movimento, dos nossos troncos velhos, e nós conseguimos através de muita luta, de muita resistência”.

Ela, inclusive, ressalta a importância de honrar os ancestrais nesse momento de reparação histórica. “Os nossos troncos velhos são fundamentais dentro das nossas escolas, é através da história deles que conseguimos contar as nossas histórias e de nosso povo. Na escola indígena, nós ensinamos o convencional, mas o que nos sustenta, nos deixa aqui, enquanto povos indígenas, é o nosso movimento, é a nossa história de luta e resistência nesse país que tem um dívida imensa conosco, povos originários”.

O governador Elmano de Freitas diz ter a compreensão do que é a escola indígena. “A escola dos povos indígenas é um instrumento da transmissão dos valores, da vida, da cultura desse povo. Ela é muito mais do que a transmissão de conhecimentos pedagógicos dos que não são indígenas. E é por isso que eu tenho a absoluta segurança de que a decisão que estamos tomando é histórica, mesmo. Eu tenho muito orgulho de estar aqui para lançar esse edital ao lado de vocês”.

 

Confecção de maraca, pinturas e a importância dos territórios estão entre os aprendizados repassados no ambiente escolar indígena. Mariel Mendes, dos povos Tapuya Kariri, apaixonado pelas pinturas corporais, é um dos alunos da Escola Indígena Francisco Gonçalves de Sousa e reconhece com entusiasmo a importância da cultura de seu povo. “É legal aprender sobre os povos indígenas, sobre a nossa história. Eu acredito que isso é muito importante. Dentro da escola, a gente aprende a fazer cordões, cocás e pinturas indígenas”, destaca Mariel.

A secretária dos Povos Indígenas, Juliana Alves, fala da alegria de fazer parte do momento. “Esse edital é motivo de muita alegria. Nossa alegria é maior por ser o edital lançado no nosso território indígena”.

A secretária da Educação, Eliana Estrela, reforça: “A nossa gestão tem como uma de suas prioridades as demandas dos povos indígenas”.

O lançamento do edital teve, ainda, a presença da secretária da Cultura, Luísa Cela, e da secretária da Diversidade, Mitchelle Meira. Entre os parlamentares presentes, a senadora Augusta Brito, o deputado estadual Júlio César Filho e o deputado federal Idilvan Alencar.

Mais sobre o edital

O concurso organizado e executado pela Fundação Universidade Estadual do Ceará (Funece), por intermédio da Comissão Executiva do Vestibular da Universidade Estadual do Ceará (CEV/Uece). O edital será divulgado a partir desta sexta-feira (21), no endereço eletrônico . O período de inscrição vai de 3 de setembro a 2 de outubro de 2023.

Em relação às vagas, elas serão distribuídas por área do conhecimento para os anos iniciais do Ensino Fundamental e por área do conhecimento para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio, sendo para: Linguagens; Ciências da Natureza; Matemática e Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas.

A seleção será dividida em três fases: prova objetiva, prova prática e avaliação de títulos, sendo aprovado no concurso os classificados pelas três etapas e com a devida habilitação em licenciatura em curso de nível superior.